O segredo da longevidade
Quem nunca ouviu os mais velhos dizerem: "Quem me dera ter a tua idade e saber o que sei hoje!".
Desde pequenina que me lembro de ouvir a minha avó materna (conhecida lá na aldeia transmontana por Tia Maria Boa) recitar esta frase.
A Tia Maria Boa, é uma mulher pequenina, magrinha mas muito rija, com os seus 91 anos de vida e experiência. Com a idade, começou a dizer tudo o que lhe vai na real gana, pois agora, quem a poderá reprimir? A anciã da aldeia pode tudo! Até disparar meia dúzia de palavrões numa só frase! Se bem que por terras de trás-os-montes, é tudo dito de uma forma tão natural que ninguém leva a mal, e se levar...temos pena!
Nas férias de Natal, a minha irmã e eu, rumamos para terras nortenhas para visitá-la. Num certo dia, em conversa com a minha tia-avó e as suas filhas, descobri que algo agoniava a Tia Maria Boa. Uma das suas queridas sobrinhas não lhe tinha comprado suficientes caixas de aspirinas (vindas lá de França, pois pelos vistos as portuguesas não prestam) e pior do que isso, a minha avó dizia não ter dinheiro para lhas pagar (na brincadeira, se bem que se poder safar-se da dívida...).
A verdade, é que há pelo menos 30 anos que a minha avó extorque aspirinas, ora ao filho, meu tio, que está emigrado por terras gaulesas, ora às suas sobrinhas. E se lhe faltarem aspirinas francesas a Maria Boa transforma-se em Maria Ruim ficando logo danada e, por conseguinte, doente !
Moral da história: se quiserem viver cerca de 9 décadas (ou quiçá mais), a partir dos 60 anos, segundo a sabedoria da Tia Maria Boa, emborcar uma aspirina por dia, não sabe o bem que lhe faria!