Hoje acordei a pensar na imortalidade.
Há quem fale na imortalidade da alma. Há quem julgue ser imortal e, apenas quando se depara com a Senhora Morte é que cai na realidade...
Mas hoje não vim filosofar sobre a existência humana. Até porque todos nós sabemos que a partir do momento em que nascemos, é dado certo, que também iremos morrer, mais cedo ou mais tarde.
Hoje dedico este post ao meu querido companheiro de quatro patas, Pepsi António, um cãozinho rebelde (para não o apelidar mesmo de parvo e idiota) que me veio parar ao colo há exatamente 16 anos, 1 mês e 20 dias.
O Pepsi aka Pixas, era um cão cheio de energia e vigor, e diga-se de passagem, sempre deve ter tido alguns problemas de bexiga. Ladrava a tudo quanto mexia, tentava, sem êxito, morder em tudo que fosse maior do que ele, nunca medindo o perigo. Achava que a "mãe", ou seja, eu, o iria defender sempre das dentuças dos seus rivais. Mas nem sempre foi assim como irão verificar uns parágrafos adiante.
O Pepsi António era amado por poucos (por poucos, resume-se a mim e ao seu saudoso "avô", o meu querido pai) e odiado por muitos (ou seja, o resto do mundo).
A tia Carla, detestava-o, e por incrível que pareça, aquele meia leca de 2,5kg metia-lhe medo. Uma certa vez, a tia Carla, deixou dentro de um saco de tecido os testes de uma turma. O Pixas achou que aquele saquinho era um belo poiso para marcar território. Resultado: testes com uma manchinha amarelada com um cheirinho ácido. Como a tia não é mentirosa, relatou o sucedido aos donos dos testes, mas estes não acreditaram!
Certa vez, o Pixas, dono de toda a cidade, decidiu marcar território para outras bandas. Na casa dos seus avós, olhou para uma extensão e deve ter pensado: gosto desta casa e este artefacto até que tem bom aspeto. Digamos que não ficou com a pilinha assada porque não calhou...o certo é que a tomada e a extensão nunca mais funcionaram.
Percebem agora a alcunha Pixas?
Nos dias de hoje, esta alcunha deixou de fazer sentido e já não a utilizo. O rapaz, cheio de artroses, já nem a pata consegue levantar. Mas a verdade, é que continua um mijão de primeira, a esfregona da minha casa que o diga! Feroz também já deixou de sê-lo, já nem consegue ver, para quanto mais tentar morder em alguma coisa? A idade tem destas coisas, e não se riam, pois a velhos nem todos chegam mas quando lá se chega...
Mas nem tudo é um mar de rosas. O Pepsi teve um percalço nessa sua vida principesca. Aos 9 anos, 5 meses e uns dias de existência, foi atacado por um cão de porte dez vezes superior ao dele. O ataque deixou-lhe sequelas e na altura o veterinário disse-me algo do género: "Iremos fazer tudo ao nosso alcance para salvá-lo, mas nada é garantido, e mesmo que sobreviva terá os dias contados". Ora como já devem ter percebido, passaram-se mais de 6 anos desde que ouvi essa triste notícia. Mas a verdade é que o Pepsi António ainda faz parte do mundo terreno. O rapaz, como diria uma miúda que o conhece, é imortal. Resiste a tudo e a todos. Cego, surdo, desdentado, teimoso, com artroses, mas está vivo e com vontade de viver. Será caso mesmo para dizer: "O raio do cão nunca mais morre!". Começo mesmo a acreditar que o cão é imortal e isso até me assusta...