Porque hoje é dia do pai...
Porque hoje é dia do pai decidi escrever um post em memória do meu que, infelizmente, já não se encontra neste mundo terreno.
Não vou fazer deste post algo deprimente e lamentoso. Vou sim, matar saudades dele, relatando algumas traquinices que ele fez ao longo da minha adolescência.
Vou começar por aquela que mais me marcou:
Sabem aqueles complexos que ganhamos quando somos adolescentes? Aqueles pequenos defeitos (ou grandes) que aquele colega mais tinhoso nos aponta em tom de injúria e de gozo? Pois eu não precisei ter um colega assim presente na minha vida. O meu pai bastou-me. Lembro-me tão bem do "Concurso dos narizes" que ele fazia quando eu andava no 6º ano...
Vou explicar-vos em que consistia tal concurso (adivinham já que boa coisa não irá sair daqui).
O meu querido e saudoso pai pegava numa fita métrica pois uma régua, segundo ele, não era o suficiente, e com esta media o seu nariz (que claramente era o mais feio e maior de todos), o nariz da minha querida irmã, e claro, o meu! Mas agora adivinhem quem ganhava sempre este concurso? Pois...não era o meu pai...era sempre eu! E ganhava pelos piores motivos, pois supostamente o meu era o maior dos três. Com um pai destes, quem precisa dum colega gozão na turma? E com esta brincadeira aqui a menina ganhou o complexo do nariz. Digamos que em tempos o meu sonho era fazer uma rinoplastia, mas com a idade e maturidade ganhei algum juízo e deixei essa ideia de parte. O meu sonho agora resume-se numa palavra: Euromilhões. O resto...são pormenores!
O meu pai sempre gostou de embaraçar as pessoas. Atenção! Não confundam o embaraçar português com o espanhol!
Neste contexto, conto-vos mais uma das que ele adorava fazer!
Uma certa vez o meu pai, numa destas viagens intermináveis que costumávamos fazer de Trás-os-Montes até ao reino dos Algarves, parou numa tasca que tinha um expositor com muitas cassetes e lembrou-se de comprar uma (as saudosas cassetes, que se compravam na feira (as piratas) a metade do preço do que nas "discotecas". Entenda-se que naquela altura discoteca tinha dois significados: loja que vende discos e cassetes ou local de entretenimento onde as pessoas se deslocam para beber um copo e/ou dar um pé de dança e, quiçá, piscar o olho a algum(a) gostoso(a)). Ora a dita cassete que comprou, era de música popular portuguesa, Quinzinho Portugal - "Sousa da Ponte". Se nunca ouviram, deixo-vos aqui o vídeo - a letra é magnífica, vale a pena perderem 10 minutos e 22 segundos do vosso precioso tempo:
Ora, raramente ele colocava a dita cassete a tocar no carro. Mas..adivinhem só! Se por algum acaso ele me ia levar à escola ou parava numa passadeira onde desfilavam jovens da minha idade, o meu querido pai desligava o botão da rádio e toca de por a alto e bom som a música do "Sousa da Ponte"... só para me envergonhar!
Confesso... acabei de ouvir o "Sousa" e que saudades do meu querido pai!
O meu Adãozinho (sim, o meu pai chama-se Adão), era uma pessoa excecional, com um coração ENORME e com um sentido de humor muito particular. Decidiu partir mais cedo do que era suposto, deixa imensas saudades, mas acredito que agora, finalmente encontrou a sua paz junto à sua "Eva", a minha querida mãe.
Se sou quem sou hoje, é graças a ele e à minha mãe. Duas pessoas que sempre ajudaram o próximo, com uma generosidade do tamanho do mundo, duas pessoas genuínas, como poucas há.
Este texto é uma maneira de matar um pouco as saudades que sinto do meu pai e também de o homenagear. Tanto ele como a minha mãe, estarão sempre presentes na minha vida pois no fundo, sou um pouco dos dois.
Feliz dia do pai